Sempre tive um pé em organizações, negócios e performance, e outro nos estudos da mente, consciência, práticas contemplativas e inteligência intuitiva. Mas nunca achei que eram mundos separados. Não consigo separar, pois no fim das contas, estamos falando das experiências das pessoas e como se relacionam. E o meu interesse esta aí. Isso me levou a trilhar um caminho de descobertas científicas para conseguir compreender como melhor integrar essas perspectivas: as empresas e o desenvolvimento da consciência.
O que eu não sabia quando me lancei nessa aventura acadêmica era que a trilha de aprendizado me levaria a um mergulho no meu interior, a um lugar onde a mente analítica deixa de ser o único caminho possível, e uma sabedoria oculta e poderosa assume sua relevância. E claro, isso mudou toda minha experiência e naturalmente encontrei novos caminhos.
Meu desafio nas organizações de negócios seja no papel de liderança ou como consultora interna e Recursos Humanos foi criar pontes para as pessoas acessarem seu lugar de autenticidade e verdade e assim se conectarem por inteiro com o outro. Acreditava que existia uma magia poderosa quando o medo e a mente analítica davam lugar para conexões genuínas, onde todos se mostram por inteiro: em seu lugar de forças e também de imperfeições.
O resultado dessa nova dinâmica é o aumento da performance, melhoria dos resultados e também maior satisfação e bem-estar das pessoas. Em outras palavras, é possível abrir mão da pressão e sofrimento e gerar resultados positivos e sustentáveis.
Os desafios da transformação: mudar somente o método não muda a experiência
Quero aproveitar e deixar aqui que nem sempre foi um caminho fácil. Muitas vezes eu não conseguia comunicar para as pessoas nas empresas sobre o que eu estava falando. Às vezes parece outro idioma mesmo. No fim, é um idioma que se assemelha mais com a natureza e a biologia do que o léxico das corporações, e tem uma grande dose de intuição, flexibilidade e compaixão. Mas o tema da linguagem é outro assunto (rs).
Um exemplo desses desafios foi trabalhar em um projeto de transformação de cultura, quando no fim das contas os líderes queriam implementar métodos ágeis. E era claro pra mim, que mudar somente o método não iria mudar a experiência das pessoas. Que no final eram os líderes, começando pelo presidente, quem era chamado a se mostrar por inteiro e assim gerar novas experiências de conexão com as pessoas. E essa é uma escolha individual, que nem todos percebem o chamado que estão recebendo.
A consequência de mudar o método e não mudar a maneira de ser e liderar (agilealliance) pode ser bem desastrosa, porque o investimento das empresas é alto e o resultado pouco relevante tanto do ponto de vista dos negócios, quanto do bem estar das pessoas.
Por outro lado, se a liderança fizer o trabalho de transformação de dentro para fora, acessando uma nova visão de mundo, os métodos que sustentam flexibilidade, adaptabilidade e autonomia encontram seu espaço e os resultados aparecem. Mais que isso, a cultura se transforma: a performance aumenta e as pessoas se sentem mais felizes.
E quando o líder decide fazer o trabalho de transformação pessoal?
Tive a oportunidade de apoiar uma grande e complexa organização a viver esta experiência de transformação que começou com o presidente abrindo um espaço de maior conexão humana e vulnerabilidade, o que resultou em uma mudança no comportamento dos demais líderes e na expansão da autonomia dos colaboradores.
Nenhum de nós imaginou que era possível chegar tão longe tanto em termos de conexão entre as pessoas, como em resultado dos negócios. Aprendemos o caminho caminhando.
Não havia um masterplan, mas uma intuição de que a mudança seria de dentro para fora. Não de cima para baixo, de baixo para cima, ou de fora para dentro. Vivemos isso na prática e aprendemos que quando a intenção é genuína as pessoas percebem, e se sentem convidadas a se mostrar sem medo.
O ego perde o palco e um comportamento mais humanizado emerge. De forma orgânica as barreiras entre áreas, hierarquia, unidades de negócio também se dissolvem, e o time é movido por um propósito que inclui a todos e tem significado no nível pessoal. O artigo do Chris Laszlo mostrou como isso é possível.
Este foi o espaço seguro para as pessoas agirem com autonomia, colaborando sem apego a benefícios pessoais, e aprendendo que a inteligência coletiva transcende a soma das partes. O resultado dos negócios demonstrou que essa mudança na cultura se traduz em crescimento.
Como este trabalho de transformação mudou a minha vida?
Ao viver junto essa jornada no papel de RH, me impressionei com o caminho em si e com os resultados. Será que encontramos uma equação que reúne performance e bem-estar através da expansão da consciência? Sempre acreditei de forma intuitiva, mas agora tinha uma experiência prática.
Me faltava então uma sustentação científica que pudesse gerar um modelo aplicável a outras organizações. Isso me levou a um mestrado onde pesquisei no detalhe os fatores essenciais que deram origem e sustentaram a transformação vivida na empresa. Fazer esta pesquisa foi um desafio e tanto, mas eu sabia que era o meu caminho e desistir não era uma opção. Pode dar uma olhadinha neste outro blog, onde falo desta experiência.
Foi um caminho natural esse impulso e vontade de apoiar outros líderes a descobrirem como expandir a conexão consigo mesmos e assim se conectarem com as pessoas de um lugar mais humano e sem as ilusões do ego.
Uma dessas ilusões que limitam a atuação da liderança:
“Não posso ser muito próximo das pessoas, para conseguir tomar as decisões difíceis”.
Já imaginou tomar as decisões difíceis sendo aberto e compassivo, sem agenda oculta? Talvez você ainda não se dê conta, mas vai sair um peso enorme das suas costas. E melhor ainda, você será reconhecido positivamente por isso.
Comecei então minha consultoria na área de transformação pessoal e organizacional. E como se não bastasse essa virada do emprego formal para a ideia de empreender, o presidente da divisão de negócios que vivenciou e liderou a jornada de transformação que descrevi, resolveu também se juntar a esta iniciativa.
Quem melhor do que ele, Leon Kaiser que viveu na pele a experiência, para ser porta voz desta jornada individual e coletiva? Iniciamos então, com mais um sócio, o Luiz Lunkes, a FLOWIN3, que tem o propósito de “ajudar pessoas e organizações a realizarem seu potencial, através da transformação que desperta a consciência e leva a resultados sustentáveis”.
Que sorte eu tive de encontrar líderes que também acreditaram na transformação interior, e se dispuseram a experimentar este lugar pouco confortável no início, mas que vai se mostrando leve, natural e verdadeiro. A gente vai se dando conta de que não precisa de todo sofrimento que carregamos com as pressões, tensões, rigidez, cobranças que são bastante comuns em empresas.
O desafio de falar de amor e consciência para as empresas
Sabemos que nosso propósito é desafiador. Isso nos leva a contar nossa experiência pessoal para revelar porque acreditamos na transformação de dentro para fora. Vivemos em organizações por muitos anos, conhecemos as dores e ilusões que limitam a potência inerente às pessoas e empresas. Por muito tempo acreditamos que bem-estar e performance não podiam conviver. Isso pode mudar e nós já experimentamos isso.
Nós da FLOWIN3 acreditamos que isso não é só possível, mas necessário para as organizações que pretendem crescer e prosperar, com pessoas engajadas e felizes.
Palavras chave do blog: performance, bem-estar, transformação, negócios, consciência.
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